terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma escola para a modernidade em crise


O aumento da jornada escolar implica uma série de situações que devem ser bem analisadas. Para receber as crianças em tempo integral, é necessária uma estrutura que atenda as necessidades desses alunos (alimentação, saúde, transporte, lazer...). Muitos locais do Brasil ainda não têm condições de fazer esse tipo de trabalho. Será preciso um investimento maciço para atender toda demanda.

A escola, nessa perspectiva, terá suas funções ampliadas. Deverá educar para além da cidadania. É uma responsabilidade enorme. Isto porque na realidade em que vivemos, para uma boa parte das famílias, a escola será a “formadora” ( única) dos seus filhos. Isso acontece porque hoje temos uma estrutura familiar diferente. A mãe sai de casa cedo para trabalhar, quando não saem pai e mãe e acriança fica com outra pessoa ou até mesmo sozinha. Tem escolas que discutem a questão das atividades de casa - se devem ser abolidas ou não. Os pais estão mais ausentes da instituição devido ao trabalho e a mudança de mentalidade social (novas funções e estruturas das famílias).

Como educadores, temos experiências próprias sobre o assunto debatido. Hoje recebemos alunos de cinco e seis anos que não sabem abotoar uma camisa, abrir um iogurte. Coisas básicas que devem ser aprendidas em casa. Sem falar na questão comportamental e de valores. Os pais pensam que a escola deve fazer tudo, tudo mesmo.

Esse projeto de Lei faz pensar que a escola é o único lugar onde se pode “aprender” e “receber educação”. É a transferência total de responsabilidades. Sabemos que não é a instituição de ensino a única responsável pela formação de nossas crianças e jovens.

Por consequência, os educadores terão mais atribuições. Desempenharão um papel mais intenso. Os mesmos sentem-se despreparados. Hoje, nas escolas públicas do Brasil, temos a realidade do professor que para ter uma renda que atenda as suas necessidades, precisa lecionar em mais de uma escola. Muitos, Não fazem formação por falta de tempo. Mas essa questão é de cunho pessoal. O fato é que a capacitação dos professores fica prejudicada seja por esse fator ou por outro. Os professores precisam receber formação de qualidade.

O aumento da jornada escolar não significa o aumento da aprendizagem ou da qualidade do ensino. Pode significar mais segurança com a diminuição da criminalidade – porque as crianças e jovens passarão mais tempo atarefados, afastados da oferta do submundo das drogas, furtos, prostituição. Será então um controle social?

A escola tem a função básica de transmitir conhecimento aplicado, ou seja, um responsável deve ter em mente a ideia que a função da escola é ensinar seu filho a somar, subtrair, multiplicar e dividir, e não que a escola vai resolver o problema dele de não gostar de tomar banho, de falar com a boca cheia de comida ou de retirar secreção purulenta do nariz e colocar na boca, a ampliação das funções da escola fundamental, deve ter também o aumento das responsabilidades dos tutores de cada criança, não adianta o aluno passar o dia inteiro na escola, fugindo da criminalidade e das drogas, e chegar em casa a noite encontrar a mãe com seu sexto ou sétimo namorado na cama, encontrar o pai bêbado e desempregado que espanca a mãe toda noite, ou o irmão sub gerente do PCC, CV, TC ou qualquer outra facção criminosa. Não há Educador milagroso que resolva esses problemas, aumento sim das responsabilidades dos responsáveis, da escola e do governo dando condições a todos sem exceção de cumprirem com elas.

Precisamos é de uma reforma no nosso sistema educacional, temos um sistema que trata um individuo como um objeto dentro da sala, onde despejamos conhecimento e ali ele fica guardado, e ainda classificamos em bons, ruins, péssimos e aqueles que não possuem mais jeito. Determinamos o destino dos alunos, sem ao menos nos considerar a situação social de que eles provêem, ou se eles passam por problemas familiares, psicológicos, etc.

A escola pode constituir uma instituição que poderá promover experiências
transitórias, buscando competências de comunicação que direcionam ao
entendimento do aluno. Segundo alguns autores da área educacional, a prática pedagógica deve levar em
consideração as diferenças culturais e ser capaz de absorver as diversidades
culturais. Uma escola voltada para as diversidades culturais e direcionada para uma
educação multidimensional atenderá ao ideal democrático de educação para todos.


A escola fundamental tem como função trazer a tona os aspectos pessoais, educacionais
e de âmbito político. Porém é preciso uma análise da posição da escola no
contexto político para que não haja divergências sobre o papel da
instituição, assim a concepção de educação assumirá o papel político e não
permitirá que a escola se situe na esfera privada e nem situada na esfera
pública. A escola representa o mundo a ser descoberto pela criança que precisa

estar preparada para desbravá-lo.
Como exemplo: o comportamento que se espera do aluno na escola tradicional é
o de negar a sua identidade cultural, é de seguir o mesmo padrão de ensino
sempre, ou seja, assim o aluno não encontra o papel que lhe cabe no mundo;
diferentemente da escola multidimensionais que permitem novas experiências que
enriquecem o currículo escolar e antigos tabus serão derrubados, uma vez que
novas ideias são apresentadas e trazem a tona debates que permitirão a troca de
experiências, a argumentação e a discussão de conceitos como obediência e
submissão que já não cabem na escola multidimensional.